A III Conferência Gramsci, Marx e Marxismos (III CGRAM), com o tema Luta por hegemonia e a formação da consciência crítica: lições de Gramsci para o Brasil hoje, a realizar-se no período de 09 a 11 de novembro de 2022, define-se no lastro construído a partir das duas versões anteriores, I CGRAM (2018) e a II CGRAM (2020), dando, assim, sequência ao desenvolvimento dessa iniciativa na dinâmica do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Debates Gramsci, Marx e Marxismo (NEGRAM). O NEGRAM foi criado em 2018 no âmbito do Grupo de Estudo, Pesquisa e Debate em Serviço Social e Movimento Social (GSERMS), grupo integrante das atividades de pesquisa do Departamento De Serviço Social e vinculado do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas (PPGPP) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Essa iniciativa respalda-se na forte e ampla incidência do pensamento de Gramsci no Brasil nas ciências humanas e sociais, na filosofia e na política e, em consequência, nas polêmicas que ele inspira, sobretudo no meio acadêmico, mas também nas instituições de organização da luta social e na política partidária; assim como na atualidade do pensamento de Gramsci como instrumento importante na orientação da atividade dos intelectuais, no sentido de pensar a realidade e de agir nela para transformá-la. Isto posto, reiteramos como filosofia da CGRAM a abordagem de questões que contribuam para o adensamento sobre o pensamento crítico marxista e sua apropriação na produção acadêmica profissional do Serviço Social e áreas afins sobre a realidade assim como subsidiem processos concretos das lutas populares. Nessa perspectiva tem lugar a preocupação com questões pertinentes ao desenvolvimento econômico social e humano do país no âmbito da América Latina na condição de subalternidade enquanto periferia do sistema mundializado do capital hegemonizado pela financeirização da economia. Assim, manteremos a atenção para o debate sobre questões no estado do Maranhão, que particularizam a ação do capital transnacional nessa unidade da federação brasileira, pensada no contexto da questão regional do Nordeste e da Amazônia.
Desse modo, a definição da temática da III CGRAM vincula-se aos estudos e pesquisas no âmbito do GSERMS e se inscreve no amplo e necessário debate sobre a luta por hegemonia na sociedade brasileira integrada pela condição de subordinação à crise de hegemonia mundial e à necessidade histórica da formação da consciência crítica dos subalternos na construção de uma nova hegemonia.
A luta por hegemonia na conjuntura atual do país reflete os elos entre os dois golpes de Estado (1964 e 2016) nos campos da economia, da política e da cultura, em que o Estado através dos aparelhos ideológicos de hegemonia tem forte protagonismo no acirramento da luta de classes com o avanço do conservadorismo reacionário como ideologia e cultura em todo o mundo, base do fortalecimento do ideário e práticas neofascista, que fomenta e se fortalece com o fundamentalismo religioso, sobretudo de seitas neopentecostais.
A resistência dos subalternos através de suas organizações, destacadamente os sindicatos, partidos políticos e movimentos de massa na luta pela hegemonia, ensejam a formação da consciência crítica, eixo central da vinculação da formação da cultura à qual se vinculam os processos educativos de um modo geral. Deste modo, a III CGRAM atenta para o lugar dos processos educativos na formação da cultura, seja em relação à análise da situação concreta, seja em relação a processos interventivos amplos e diversos nessa luta, destacando-se nesse aspecto, o debate sobre a função dos Intelectuais na educação das massas, particularizando a educação popular e a contribuição do Serviço Social. Reiteramos o entendimento de que os fundamentos, interpretações e reelaborações das estratégias pedagógicas da luta dos subalternos na formação da cultura ganham singularidade no movimento da história em diferentes conjunturas e agregam a contribuição de diferentes áreas do conhecimento e da ação humana. Assim, a discussão sobre os processos concretos de formação da consciência crítica enfatizará referências do Brasil, particularizando expressões no Maranhão.
A realização deste evento conta com apoio institucional da Universidade Federal do Maranhão através do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, do Departamento de Serviço Social e da Superintendência de Tecnologia de Informação (STI), mediante recursos humanos, instalações físicas, equipamentos eletrônicos e suporte tecnológico; do CNPq, através de 1 bolsa de produtividade em pesquisa.